O fechamento de todas as fábricas de automóveis no Brasil e a instabilidade cambial devem causar aumentos nos preços dos automóveis. É o que afirma o presidente da Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes
“É muito difícil segurar um aumento nos preços. Cada montadora precisa definir o que dá para ser absorvido e o que precisa ser repassado”, ponderou.
Até agora, Toyota e Volkswagen reajustaram os preços de alguns modelos. Já a Chevrolet foi ainda mais longe e anunciou um aumento médio de 4% em toda sua linha de produtos.
A produção de carros foi a menor da história da indústria automotiva no Brasil em abril. Foram fabricados apenas 1.800 unidades no mês passado, reflexo direto da paralisação de todas as fábricas de veículos do país.
Questionado se as vendas devem melhorar com a retomada gradual da produção de veículos a partir de maio, Luiz Carlos disse que o cenário ainda vai demorar para mudar.
“As vendas não vão subir necessariamente de acordo com a retomada da produção. A produção é que pode ser retomada de acordo com um aumento nas vendas. Tudo indica que as montadoras vão decidir retomar (as atividades) de acordo com o estoque”.
Cuidando do próximo
O presidente da Anfavea lembrou que as novas regras para evitar a proliferação do coronavírus também devem atrasar a produção.
“A retomada será mais lenta por conta da implementação de novos parâmetros de saúde dentro das fábricas, que vão acarretar em redução de turnos e com menos funcionários nas linhas de montagem”, afirmou.
Mesmo com tantas mudanças na rotina, Luiz Carlos acredita que as fabricantes vão seguir as regras da cartilha elaborada pela Anfavea.
“Não vejo necessidade de fiscalizar porque as próprias empresas já estão preocupadas com isso. Vários executivos estão indo até o chão de fábrica para fazer o caminho do trabalhador. Tenho participado de reuniões com executivos, e todos os funcionários estão sendo orientados com vídeos, cartazes e cartilhas. Existe ainda uma coisa legal no nosso setor, que é a responsabilidade do trabalhador. A gente tem percebido um cuidado entre os próprios funcionários”, afirmou.
Concessionárias devem voltar, mas com cautela
uiz revelou que pretende convocar todas as montadoras dentro de no máximo 15 dias para obter informações e discutir o que pode mudar. “Vamos consultar todas as associadas para compartilhar informações, até porque aqui dentro (Anfavea) não há competição”.
O presidente da associação endossou o discurso da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos), que alertou que 30% das concessionárias podem quebrar nas próximas semanas caso o comércio não seja reaberto em várias partes do país.
Entretanto, Luiz Carlos ressaltou que a saúde das pessoas vem em primeiro lugar.
“Quem distribui e fala com o cliente final é a rede de concessionárias. As montadoras dependem dessa distribuição para vender serviços e captar clientes. A gente precisa voltar (ao trabalho), mas obviamente seguindo todos os cuidados com a saúde. Até porque nunca vamos recomendar isso se não houver condições de saúde adequadas para todos”, concluiu.
Fonte : Fenabrave
http://www.fenabrave.org.br/portal/conteudo/view/15233
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