BMW, Volvo e Porsche ganham participação com resultados surpreendentes; Mercedes-Benz perde mais
O ano passado atípico registrou algumas mudanças no cenário dos automóveis premium no Brasil, com alguns resultados surpreendentes diante da pandemia que retraiu o mercado nacional. Enquanto as vendas de veículos leves caíram 26,6% em 2020 sobre 2019, o conjunto das dez marcas de modelos de luxo mais vendidas no País registrou recuo 10 pontos porcentuais menor, de 16%. No total, as dez venderam 44,3 mil unidades, representando apenas 2,3% dos emplacamentos no País, mas o porcentual, embora mínimo, cresceu 0,3 ponto sobre a participação de 2% registrada um ano antes.
Entre as líderes do segmento premium, quatro tiveram queda maior do que a média geral do mercado brasileiro (Subaru, Lexus, Jaguar e Mercedes-Benz), para cinco o tombo foi menor (BMW, Volvo, Audi, Land Rover e Mini) e uma delas, a Porsche, causou surpresa ao anotar expressivo crescimento anual de 32,4%, em seu melhor resultado já aferido no País.
OS VENCEDORES DO MERCADO DE LUX OEM 2020 |
Apenas três entre as dez marcas premium mais vendidas do Brasil em 2020 conseguiram ganhar participação de mercado e quem mais ganhou foi a BMW. A fabricante voltou a figurar no topo do ranking do segmento, para onde havia conseguido voltar em 2019 (leia aqui), mas ampliou significativamente sua liderança com a conquista de 3,1 pontos porcentuais adicionais de participação, que saltou para 28% das vendas na concorrência com as dez.
Com 13.142 emplacamentos, a queda nas vendas de 5,4% sobre 2019 pode ser considerada uma vitória da BMW diante do ano adverso. A marca manteve os lançamentos do ano, apostou em ferramentas digitais de aproximação com os clientes e seguiu produzindo na fábrica de Araquari (SC), que forneceu 67% dos modelos vendidos no País no ano passado, incluindo os dois mais demandados, o sedã Serie 3 e o SUV compacto X1, que juntos venderam quase 8 mil unidades, ou 60% das vendas.
A Volvo, que em 2019 havia subido à quarta posição do ranking das marcas de luxo, em 2020 deu salto ainda maior, ultrapassou Audi e Mercedes-Benz e terminou o ano na condição de segunda marca premium mais vendida, consolidando-se como uma das maiores vencedoras do segmento. A sueca registrou insignificante queda de 2,7% nas vendas, com 7,7 mil veículos emplacados, o que rendeu ganho de quase 2,4 pontos porcentuais de participação em sua faixa de mercado, que se elevou a 17,4%. O resultado considerado excepcional para um ano tão ruim é creditado ao sucesso dos SUVs híbridos plug-in da marca no País.
Outra grande vencedora de 2020 do segmento é a Porsche, que vendendo modelos superesportivos que partem de R$ 355 mil e podem superar R$ 1 milhão, apurou o melhor resultado anual de sua história no Brasil. Com quase 2,5 mil emplacamentos, a marca permaneceu na sexta colocação entre as dez premium mais vendidas, mas ampliou significativamente a distância para o sétimo colocado. As vendas cresceram incríveis 32,3% e a participação saltou para 5,5%, com ganho de 2 pontos entre um ano e outro.
O mais surpreendente é que não foi vendendo seu modelo mais barato que a Porsche cresceu no Brasil de 2020, um país extremamente empobrecido pela pandemia. Foi justamente o contrário. Seu carro mais vendido aqui no ano passado foi o 911, que representou 30% dos emplacamentos da marca e cujos preços começam em R$ 680 mil, e outros 26% das unidades comercializadas foram do SUV Cayenne, que custa acima de R$ 435 mil.
OS MAIORES PERDEDORES |
Com maior lentidão em comparação com a concorrência para se acertar no meio-ambiente pandêmico, a Mercedes-Benz figurou entre as fabricantes de veículos de luxo que mais perderam terreno em 2020. Mais precisamente, a marca perdeu 3,7 pontos de participação entre as dez mais vendidas, caindo da segunda para a quarta posição, com fatia de 15,4%. As 6,8 mil unidades vendidas no ano representaram expressiva retração de 32,3% em relação ao resultado de 2019.
Outras marcas premium que perderam muito terreno em 2020 foram a Jaguar, Lexus e Subaru, figurando nas três últimas posições do ranking das dez mais vendidas. As vendas de pouco mais de mil carros da Jaguarrepresentaram queda anual de 43,6%, com perda de 1,1 ponto porcentual de participação, para apenas 2,3%, fazendo a inglesa cair da sétima para a oitava posição no segmento.
A Lexus se manteve na nona colocação com 696 veículos emplacados em 2020, em queda de 42% sobre 2019 e perda de participação para 1,57%. Na décima posição, a Subaru vendeu somente 327 carros no ano passado, registrando recuo de 44,3%, o maior entre as dez, e participação de 0,74%.
NO MEIO DA TABELA |
Audi, Land Rover e Mini registraram quedas de vendas em 2020 na casa dos 20%. Com isso, o desempenho ficou abaixo da retração média de 16% apurada entre as dez marcas premium mais vendidas, mas ainda assim o tombo foi menor que o do mercado geral (26,6%).
Com foco no lançamento de elétricos e superesportivos, a Audi conseguiu se segurar na terceira posição do ranking com 6.953 emplacamentos, segundo relatório da Fenabrave, o que representou queda de 20,1% sobre 2019 e perda de 0,8 ponto porcentual de participação, que caiu a 15,7%, ligeiramente à frente da rival Mercedes-Benz.
Estável de um ano para o outro na quinta posição com 4,6 mil emplacamentos e queda de 21,3% sobre 2019, a Land Rover teve desempenho mediado com seus SUVs de sempre, com poucas novidades. A marca inglesa perdeu 0,7 ponto de participação, que desceu a 10,4% entre as dez mais vendidas do segmento.
Com lançamento do novo Countryman apenas no segundo semestre, a Mini teve desempenho inferior ao da marca-mãe do Grupo BMW: as vendas em 2020 caíram 20,2%, para 1.628 unidades. Mas como outras marcas na mesma zona da tabela tiveram quedas maiores, foi o suficiente para subir da oitava para a sétima posição do ranking premium, garantindo participação de 2,9%, com perda marginal de 0,15 ponto.