Da mudança do comportamento do consumidor à realidade virtual para escolha do carro, empresa de tecnologia fez reflexões sobre as transformações do setor automotivo
Já pensou em não precisar mais do test-drive? Ou pagar menos no seguro só por dirigir prudentemente? Talvez ter um aplicativo no carro baseado somente no que gosta? Nos últimos anos o Google tem mostrado novos conceitos que podem mudar a nossa relação com o automóvel. Aí vão alguns dos pontos para ficar de olho nos próximos anos.
Cidades terão que se tornar “smart cities” para abrigar 4,8 bilhões de pessoas
Até 2026, a previsão é de que 60% da população mundial viverá nas cidades. A fim de abrigar esse enorme contingente, é preciso criar estratégias e ideias inteligentes para que se possa viver em harmonia com pouco espaço e muita gente.
Daí surgiu o nome “smart cities“, um dos mais importantes conceitos apresentados em uma palestra em São Paulo de Guilherme Arruda, diretor da área de Indústria Automobilística da Google Brasil.
Um dos pontos mais alarmante e distante para chamar cidades de inteligentes é a mobilidade. Para se ter ideia, de todas as cidades brasileiras, somente 0,3% dispõe de metrô ante 78,5% que oferecem transporte por ônibus.
Nos últimos cinco anos, porém, alternativas de transporte individual ganharam um gigantesco espaço. Dados apontam que 62% dos motoristas autônomos ativos surgiram depois de 2015, após o boom de aplicativos para serviços de transporte.
Review de carro é o novo vendedor de concessionária
Como nunca antes, a jornada de compra do consumidor ficou bem curta. Baseado em dados da Google, Arruda revelou que o comprador parte da média de quatro possíveis opções de carros e o tempo da procura está mais rápido: de dois a três meses.
A pesquisa sobre o modelo desejado é feita principalmente online, e não mais em concessionárias. No máximo duas lojas são visitadas no final. Estima-se que 99% dos compradores usam a internet como referência.
Start-ups de mobilidade faturam mais que as grandes marcas de carro
Você não leu errado. Engana-se quem pensa que todo o dinheiro arrecadado com transporte vai majoritariamente para as empresas que fazem os carros. Apenas um quarto da receita gerada no mundo vai para a indústria automobilística.
Para se ter ideia, a cada milha rodada por qualquer carro no mundo, um centavo de dólar vai para a indústria, enquanto os serviços de mobilidade arrecadam em média 0,17 dólar no mesmo cenário.
Parece loucura, mas não é. Segundo Guilherme Arruda, a empresa é tão grande que só em território chinês soma mais de 21 milhões de motoristas, ante 3 milhões da Uber mundialmente.
Entretenimento dentro do carro é mais importante do que performance (Não somos nós que estamos afirmando: são as pesquisas com compradores)
Quando você tem um carro para escolher, leva em conta mais tecnologia ou performance? De acordo com João Bolonha, diretor de vendas da América Latina do Google Cloud, motoristas são duas vezes mais propensos a escolher um veículo com mais e melhores aparatos tecnológicos do que um com melhor desempenho.
Seria isso reflexo dos longos e demorados deslocamentos urbanos, em que é melhor para o motorista se entreter com o que o carro oferece do que testar sua verdadeira performance?
Abra mão da privacidade e ganhe desconto no seguro
Ainda sobre mudanças da relação entre consumidor e automóvel, João também levantou a questão do desenvolvimento da conectividade dos carros e seus futuros benefícios. Apesar de algumas seguradoras já terem antecipado a ideia de cobrar menos de quem dirige com mais prudência, esse conceito ainda vai dar o que falar daqui para frente.
Se depender dos dados do uso do carro coletados pela nuvem, o bom comportamento do motorista pode ser motivo para ter desconto no seguro. A conectividade utilizando a “nuvem” transforma a experiência dentro do veículo cada vez mais individual.
Concessionária é coisa do passado.
A conhecida e tradicional concessionária está mudando drasticamente. E pode acabar. Segundo Aprajita Jain, divulgadora de Marketing Digital da Google, “É possível conseguir um carro ou um café em minutos, receber uma compra em horas; o consumidor agora está acostumado com essa rapidez e eficiência. A indústria e as concessionárias vão ter de se adequar a essa realidade”.
Isso não quer dizer que vão entregar seu carro novo em 50 minutos com frete grátis (por enquanto!). Mas as novas tecnologias possibilitam, por exemplo, visualizar seu possível carro em realidade virtual 360°. Em teste, o programa
convenceu 73% dos consumidores a comprar o automóvel mesmo sem o test-drive. Em pesquisa feita pelo Google, consumidores brasileiros mostraram-se mais propensos do que os norte-americanos a fazer essa troca inusitada.
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