Por Luiz Bacellar
O Open Banking é um sistema que compartilha dados pessoais e financeiros de clientes entre instituições financeiras. Isso é fiscalizado pelo Banco Central e ocorre mediante autorização, o objetivo é promover uma experiência melhor.
Já o Open Insurance compreende o mesmo processo. Mas, nesse caso, no universo das seguradoras e mais especificamente da previdência privada e seguros.
É a abertura do mercado de seguros e envolve a troca de dados entre seguradoras e outros participantes do setor. Esse processo também será regulamentado e, nesse caso, aprovado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), a reguladora oficial do segmento.
Seu foco é a oferta de opções adequadas para cada cliente, com personalização, atendendo a necessidade do investidor e não da entidade. A novidade promove uma competição saudável e com mais transparência, facilitando a tomada de decisão dos clientes.
Outro benefício inclui o acesso digital por meio de canais e redes de atendimento das instituições financeiras. Isso empodera e oferece conhecimento para os clientes sobre o movimento do seu patrimônio.
Criado recentemente, o Open Insurance é um projeto que promove um ecossistema financeiro amplamente integrado. Isso prepara o terreno para o que o mercado chama de Open Investments, conceito que permite mais transparência no segmento de investimentos e um ambiente mais confiável 一 melhores produtos e serviços, mais segurança e inovação.
O fluxo livre de informações é um benefício para todos e a ampla utilização da internet nos mostra este movimento. Porém, é importante ter regras claras para que o cliente esteja no centro das decisões e não apenas das informações.
Para implementar o Open Banking, por exemplo, o Banco Central está trabalhando com fases. A terceira e última acaba de ser adiada e está prevista para ocorrer em outubro. Com isso, o ecossistema entre as empresas se desenvolve a cada dia mais. Porém, ainda há muita incerteza no setor e as instituições mais tradicionais podem ficar para trás.
A transparência é algo contemporâneo que se popularizou com a internet e chegou de fato para ficar. Não seria diferente no sistema financeiro e quem se beneficia disso é o cliente.
Neste movimento de transparência e compartilhamento de informações, a previdência privada deve assumir o papel de protagonista na acumulação de dinheiro e formação de patrimônio.
Esse movimento já ocorre em outros países, pois o investimento apresenta condições fiscais mais atrativas e é uma etapa importante da vida do investidor. É essencial ter uma previdência antes de partir para investimentos de risco, por exemplo. Até mesmo para diversificar a carteira e garantir que grandes oscilações no mercado não sejam muito prejudiciais.
Os grandes fundos previdenciários de renda fixa e multimercado registraram retorno positivo no 2º trimestre deste ano. Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), juntos estes fundos reúnem R$197 bilhões em patrimônio, com um resgate líquido de R$35 bilhões nos últimos seis meses. Para os multimercados o patrimônio atingiu R$67 bilhões, com uma captação líquida acumulada de R$8 bilhões no período.
É um mercado bilionário, mas que ainda fica estigmatizado no Brasil como uma renda complementar à aposentadoria. Na realidade, também pode ser usado para outros objetivos. Há acesso a benefícios fiscais, acúmulo de capital e auxílio no processo de sucessão patrimonial.
Com o Open Insurance o brasileiro se apodera de uma cidadania financeira e passa a entender os mecanismos de acumulação de dinheiro, com a possibilidade de comparar as opções no mercado, sem ficar preso aos players tradicionais.
Desta forma, o novo modelo traz diversos benefícios e facilitará o processo de investimentos, além de ampliar e desmistificar o acesso aos produtos de seguro e previdência para os brasileiros.
* Luiz Bacellar é CEO da Saks. O executivo é especialista em investimentos e fundos de previdência privada, tendo atuado em posições de liderança em empresas do setor por mais de 13 anos. Sua formação inclui MBA em investimentos internacionais pela Saint Paul.
Voltar